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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Porquê ser bons?



Francesco Alberoni, na obra "O Optimismo", coloca várias questões sobre a nossa condição humana, de entre elas a bondade. Pergunta, por exemplo, porque é que devemos ser bons se isso não traz vantagens.
Porque devemos ser justos, generosos, entusiastas, compreensivos e tolerantes? Porque é que devemos amar o nosso próximo, entregarmo-nos, ajudá-lo e aconselhá-lo? Será que vamos ser algum dia recompensados por isso?

Alberoni responde que não. E dá exemplos:
  •  os generosos, são explorados pelos egoístas;
  •  os honestos, são robados pelos ladrões;
  •  os mais pobres e desfavorecidos, são obrigados a permanecer calados pelos mais poderosos e intolerantes.
Quem dá, não recebe em troca de forma proporcional.

Na política é admirado quem despreza e faz promessas (que depois não cumpre!), na televisão quem diverte e diz mal de alguém, nos debates quem consegue impor-se...
Quando chega alguém muito bom, os medíocres, por inveja, destroçam-no. Quanto mais o admiram à sua frente, mais o deitam a baixo e o criticam nas suas costas.
Quantas vezes já distribuímos em abundância, no nosso local de trabalho, tesouros de inteligência, de paciência e de tolerância. Depois, quando pensamos que realizámos a coisa mais bela, em vez de um reconhecimento recebemos apenas um olhar de desprezo, uma piada irónica... E por detrás dessa crítica, sentimos o rancor por nós próprios, provocado precisamente pelo facto de termos sido bons! 




Porque é que devemos ser bons, se não ganhamos nada com isso?!

Porque nos foram concedidos sentimentos, porque gostamos de alguém, porque queremos fazer o bem aos nossos colegas e amigos, aos que nos são próximos, à nossa cidade, à natureza...

Esse "bem querer" deve ser sempre original, livre, emotivo, gratuito, verdadeiro e não deve nunca existir ódio, rancor, contrariedade, cinismo ou qualquer outra moralidade. O homem vai crescendo e desenvolvendo porque é capaz de "dar".

No Mundo, não pode só existir o egoísmo, a maldade, o individualismo, mas sim aquela energia positiva, que possibilita ao homem criar, fazer mais pelo outro, dar mais do que tirar, ser mais justo.




Na minha opinião, deviam existir mais pessoas com uma "alma nobre" ou, como quem diz, pessoas que não pensem só em si, que não se preocupem apenas com o seu "EU", com os seus interesses e com a sua opinião, e que confundem a justiça com aquilo que lhes convém. E, se alguém dificulta os seus desejos, odeiam-no, insultam-no e prejudicam-no...

Em contrapartida, deviam existir pessoas mais generosas e honestas, pessoas que tivessem energia positiva e riqueza interior que pudessem também transmiti-la aos outros, e que tivessem capacidade de compreender e ajudar os outros!

A pessoa com "alma nobre" não odeia os outros, não entra em competições com ninguém; antes pelo contrário, respeita-o, reconhece-lhe valor, dignidade, confiança, e sabe perdoar, em vez de pensar em vingar-se.


******


Só assim crescemos de uma maneira equilibrada e em harmonia interior.
Só assim é que a nossa vida se mantém agradável e aprendemos algo de bom para o nosso crescimento:

  •  Sabedoria;
  •  Optimismo;
  •  Humildade;
  •  Simplicidade;
  •  Inspiração (para podermos continuar a ser bons).


sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

É bom sentir Saudades...

Dizemos muitas vezes "Tenho saudades!". Quantas vezes os músicos de todo o mundo utilizam esta palavra para cantarem o que lhes vai na alma? Qual não é o escritor que já a utilizou nas suas obras literárias?




No dicionário da Porto Editora, este substantivo é defenido como:

Saudade: melancolia causada pela lembrança de um bem de que se está agora privado; mágoa que se sente pela ausência ou desaparecimento de pessoas, coisas, estados ou nações; pesar; nostalgia; lembranças (...).

Mas, afinal, o que é que cada pessoa sente quando fala em ter saudades?
Será que seríamos capazes de viver sem ela?




Segundo alguns psicólogos, a saudade é algo romântico e positivo, e opõe-se ao saudosismo que é mais depressivo e ocorre quando a pessoa vive "agarrada" a algo que não tem, seja passado ou futuro. Pode-se viver da saudade, sem ela é que não.
A saudade só é possível quando ainda se acredita na vida, quando se vive com esperança no futuro.

É saudável ter saudades, mas ser saudosista já não é. O saudosismo pode tornar uma pessoa mais pessimista e menos satisfeita com a vida. Este tipo de sentimento tende a agravar-se quando existe uma crise social e/ou económica no país, onde as pessoas se agarram às suas vivências do passado, ficam desiludidas com tudo, e isso leva-as  a tornarem-se mais pessimistas. Raramente estas pessoas vivem o presente com realismo e objectividade.




As pessoas sofrem de saudade não só por aquilo que tiveram e perderam, mas também por aquilo que perderam sem nunca terem possuído: as ilusões.
Segundo o mesmo dicionário, ilusão é "um erro proveniente de uma falsa aparência; erro de percepção que consiste em tomar um objecto por outro; erro; aparência", ou seja, são situações ou coisas que só existem na mente da própria pessoa.





Ter saudades é normal. É bom de vez em quando fazer uma retrospectiva do filme das nossas vidas, com direito a algumas pausas nos momentos mais especiais e marcantes:

  •  ao lembrar os tempos de infância;
  •  o dia em que conseguimos andar de bicicleta, sem a ajuda das rodas laterais;
  •  a colecção de cromos da bola;
  •  a primeira boneca ou o primeiro carrinho;
  •  as pastilhas elásticas "Pirata" a 2$50, ou os gelados de gelo a 20$00;
  •  o vestido favorito;
  •  jogar à "macaca" ou ao "elástico";
  •  as férias passadas junto à praia;
  •  as histórias que o nosso avô contava para dormir;
  •  o primeiro beijo;
  •  o nosso primeiro dia de aulas;
  •  o nosso pai ou alguém que já partiu;


(.......)


Mas, como podemos distinguir a saudade positiva da saudade negativa? Simples: se ela nos ajuda a viver ou não! O importante é saber lidar com os acontecimentos do passado de forma positiva, apesar de ainda sentirmos alguma melancolia e por termos pena que esses acontecimentos não sejam possíveis outra vez. Se é uma saudade que nos desanima, nos deprime, nos inibe de continuar a viver, então estamos num saudosismo e a viver de forma negativa.




Eu tenho muitas saudades do meu Pai. Faleceu no ano de 2002, e a ferida ainda não cicatrizou. Sinto muito a falta dele, como qualquer pessoa sente de outra que já não vê há muito tempo. Penso nele com muita frequência, principalmente quando me sinto sozinha. Sinto muitas vezes saudades e gosto de as sentir. Por vezes fico deprimida, mas tento ver sempre o lado positivo dessas saudades.

Então, penso nos momentos bons que passámos juntos, nas nossas conversas, nos conselhos sabedores que me dava, nas nossas idas à terra natal com a família, nas festas de Verão que frequentávamos nessas viagens, de tudo o que ele fazia para me ver bem ...

Sei que não posso matar saudades do meu Pai, então aprendo a viver com elas de forma saudável e positiva!




A ideia é viver com saudades, mas aprender a sofrer menos e aceitar todas as situações negativas de forma saudável, aprender a crescer! Quando alguém diz que não tem quaisquer saudades do passado e que não voltaria atrás por nada, essa pessoa está a fazer uma negação daquilo que viveu. Provavelmente, existe algo que a pessoa não conseguiu resolver.

Felizes são aqueles que olham para o passado sem problemas, e vivem o presente com perspectivas de futuro! Aceitam saudavelmente todos os momentos que a vida impõe. Se a pessoa não consegue lembrar-se de coisas positivas, é porque está "morta", o passado deixou poucas marcas e o futuro não se adivinha.

As saudades fazem parte da nossa memória enquanto seres humanos!